06 dezembro 2012

Vide Jesus

Em uma religião qualquer, uma dessas aí da praxe, o profeta diz:
- O homem é a cabeça da mulher.
Invertendo o raciocínio, se conclui, fatidicamente, que a mulher só pode ser o corpo do homem. E essa é a verdade, amém.
Então vamos ao mito, é de lá que tudo brota, é terra roxa, ancestral.
Vide Jesus. Barbudo, um metro e oitenta e cinco de divindade, boa pinta, trajes soltos, cabelo leve, escorregando pelas quebradas de Jerusalém. Sob a túnica, fora as ampolas de água benta, o manual dos filhos de famosos, a varinha de condão, estava lá a carne mesma, aquela que morreu por nossa culpa (que comemos pra não desperdiçar) toda esguia, salientosa, ao toque lisa, sem pêlos, enfim, a ausência do pirú do perdão ali embaixo, que já diz tudo.
E se o papai já era homem, mulher, preto, branco, ameríndio onipotente de voz de trovão, Deusão, vasto e vistoso, por que não o incorporado, o bezerro, novilho, Cristim mesmo coitado, ser também multiuso, à imagem e semelhança, cabeça de homem num corpo feminil? Que seja!
Vislumbremos então, no rolê "vou no deserto pra pensar", quarenta noite de vigília, e se desce pra Jesus? E se empapa o calçolão? Fez ele da areia Always? Bidê de luz solar?
O corpo de Cristo nos alimenta, logo é mãe, provê. O corpo de Cristo morreu por nós e apodreceu, queimou, virou adubo e tá no chão, tira o pé daí! A cabeça, que tinha destino diferente, decolou e saiu planando cada vez mais alto, por isso o balão de São João.
No corpo a cabeça pesa, a última coisa que erguemos. E fica assim cada membro responsável por este órgão, o folgado, lá em cima, dizendo pra separar, se fazendo de comando.
Dos seios de Jesus, um fazia água, um fazia vinho.

C. P. F. - Caio Poeta Fariseu
Alavancado de Cabeças de peixes.

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