27 dezembro 2012

Viajante.


Terça, 16 de agosto de 2011 às 11:33 ·

Sabem como eu me sinto agora? Sinto que sou um viajante, das histórias maravilhosas dos sonhos que temos. Estou viajando por caminhos extraordinários, vendo e vivendo coisas das quais eu jamais sonhei. Por vezes sinto vontade de ficar a beira daquele lago azul, morar ali pra sempre... Por vezes sinto apenas a vontade de ficar mesmo é na estrada, curtir o caminho, o vento e ver a cada entardecer um novo pôr-do-sol que embora novo se faz reconfortante e familiar por ser sempre o mesmo sol. Apenas visto de lugares diferentes.
As vezes precisamos disso, precisamos ver as coisas velhas de lugares novos.

Sinto que visito cidades, algumas feias, que me doem por dentro que me fazem chorar, outras já são tão belas e acolhedoras, algumas são simples e mais acolhedoras ainda, com pessoas verdadeiras. De pessoas verdadeiras. Ahhhh... tem as pessoas, é verdade. Essas que eu encontro no meu caminho, pessoas de toda qualidade, pessoas que eu nem lembro que já conheci, passam desapercebidas, algumas eu até desejo esquecer ( isso é raro pra mim). Há pessoas que estão sempre caminhando ao meu lado, pessoas especiais.... dentre essas tem pessoas que chegam em minha vida para fazer diferença, para tirar um pedaço do meu coração e colocar outro no lugar, por essas pessoas eu paro minha caminhada, paro por algum momento e me dedico a conhecê-las e a mostrar quem eu realmente sou... São pessoas que fazem minha vida mudar para sempre. Eu não mudo por sua causa, mas tê-las comigo me ajuda a concluir mudanças para mim mesmo, pois vejo que posso ser uma pessoa melhor e assim sendo eu me torno mais feliz.

Cada um de nós, nessa minha história, tem sua própria estrada a percorrer, as vezes nossos caminhos se cruzam. Isso é bom, mas é rápido. Um cruzamento é algo rápido. Às vezes andamos lado a lado por algum tempo e outras vezes saímos do nosso caminho para conhecermos a estrada de outras pessoas. Porém, no final das contas e por mais maravilhoso que seja, por mais especial que uma pessoa possa ser para nós, sempre voltamos para a nossa própria estrada. Acho que não nos encontramos em um cruzamento, nós ainda estamos em estradas muito próximas e eu estou te vendo muito próxima de mim, de repente estamos até na mesma estrada, mas em distâncias diferentes.

O que acontece daqui pra frente? O que acontece no resto do caminho? Não sei! Quem é que vai saber? Temos que continuar andando e parando e aprendendo dia após dia. Acho que temos que projetar algumas coisas para o futuro, imaginar os caminhos a serem percorridos, mas outras coisas nós temos que aproveitar passo passo, um dia de cada vez. Não adianta criarmos anseios pelo próximo pôr-do-sol, pode ser que amanhã esteja nublado, mas é bom saber que mesmo atrás das nuvens o sol continua ali... No meu coração você continua a mesma pessoa, mas eu sempre soube que você tem que concluir algumas paradas e resolver coisas incompletas, seguindo sua estrada enquanto eu tenho que seguir na minha, nas minhas paradas nas minhas buscas.

Afinal... A escolha do caminho não é o que traz a felicidade, ela é o que anseia e impulsiona a prosseguir.

Felicidade esta em lembrarmos os caminhos que nós ja percorremos.


Shamo

25 dezembro 2012

Mãos Escuras (ou Salar)



Mãos escuras
Que escondem o rosto
Pálido e choroso
Marcado pelos dias de labuta

Mãos grossas e enrugadas
Que se desprendem
Da própria vontade
Do próprio corpo
Usurpando-se para outrem

Mãos nuas e cansadas
Que tateiam a vida
Agarram o pão
E viram o copo

Afagam o corpo e as feridas

Mãos desgarradas
Que atiram pedras
Socam e resistem:
Um vácuo em meio à guerra
Entre o corpo e o resto

Mãos potentes
Que ditam seus espaços
Entre trabalho e lazer:
O lendário esforço
E o épico prazer

Mãos escuras
Que vêm e vão
Pelas cordilheiras da vida
Pelas veredas que se dispõem na jornada


                                                                                                                            Zé Daniel
Alavancado de Uma Pausa

Hoje, amanheci



 Acordei antes do sonho – não quero acreditar no ontem – encarando as formas fixas do quarto – já era de manhã?

 Meu pecado é dormir muito bem, âncora, João pestana tem feito um bom trabalho com as minhas noites.   Pretendo ter insônia para fazer boa poesia, mas por enquanto qualquer loucura ficou depositada naquele dia de ontem, assim batizado por não ser hoje - porém passado.

 Hoje, dia santo, os segundos são grãos de milho jogados às galinhas, famintas sempre, esganiçadas, assim é a vida e assim amanheci.

Hoje, santos são os grãos famintos de vida.

Hoje, acordei faminto como as galinhas.

Hoje, acordei antes dos santos.

Hoje, assim é a vida.

Hoje, amanheci.


Filipe Abreu



24 dezembro 2012

Hoje eu amanheci mais velha.


Acordei antes do sol, entre nuvens que não desenhavam bicho nenhum, em úmida e muda três horas e trinta. Eu não deveria estar acordada, mas meu coração quer pular do parapeito. Bebi água da pia, fumei um cigarro, e outro em seguida, e chorei. Fiquei escorrendo e escutando a agulha da vitrola (que está quebrada) riscando o nome das faixas do lado B.

Deixei um xixi no banheiro, experimentei alguns lugares do sofá, dei um oi pro resto da pizza, para um pêssego e, por fim, para um copo de leite. Fiquei pela casa escorrendo, nem sangue, nem gozo, eu chorei.

E não voltei  para cama..

O sol nasceu um girassol e (você não vai acreditar, mas) agora ele me segue por todos os lugares que eu vou.

Hoje eu acordei in crível

Tico-Tico

Alavancado de: O crescimento

Uma pausa

Acendi o cigarro. Estava andando e parei. Embaixo da árvore o sol não me alcançava. Puxei a fumaça. Puxei de novo, pulmão querendo. Sentei no chão e encostei. O tronco da árvore massageava as costas surradas do cotidiano. O suor escorria. Respirei fundo uma, duas e três vezes depois de uma puxada. As pernas latejando de erguer um corpo que ergue coisas. Eu levanto. Eu fabrico. Eu proporciono lugares para você viver. Soltei a fumaça que subia em direção ao céu, em direção ao arranha-céu. A mão calejada, minha enxada marcando meu corpo, tatuagem do trabalho. Um copo d'água gelado que vai transbordar em suor quente. Suor que dá liga na argamassa. Suor do piso da sua sala de estar. Ainda uma última tragada. Bituca no solo. Cigarro apagado. Sol aceso. Corpo erguido. Corpo que volta a erguer.

LP

Alavancado de O crescimento

O crescimento


C. P. F. - Caio Poeta Fariseu

Alavancado de Fluxo do doido.

22 dezembro 2012

Jogos em andamento


Inaugurando a página "Jogos em andamento".

1. Alavanca
Jogo fundador do engenhoca do Rube.
Regras: 
- Todo post dentro do jogo deve ser inspirado em um post anterior, sendo indiferente a sequência que este último ocupa, ou mesmo se outros posts já foram alavancados a partir dele;
- O post pode ser inspirado na totalidade ou em apenas uma parte do post do qual foi alavancado;
- Não há restrições quanto ao formato utilizado (literatura, material visual, material audiovisual, material sonoro, material acadêmico, material jornalístico, etc.);
- A única restrição quanto ao conteúdo é a de que todo material postado deve ser AUTORAL(da autoria de quem está postando);
- Os posts devem ser assinados (nome, pseudônimo, apelido, etc.) Todo post recebe um marcador identificando sua autoria.

fuxica

Tico-Tico
Alavancado de: Fluxo Doido


Voltar Embora



Tico-Tico

Alavancado de: ombro na parede olhando o fim da rua

Fiação


C. P. F. - Caio Poeta Fariseu

Fluxo do Doido



Vou tomar uma cerveja
Antes que o sol acabe se explodindo
À toa

Um monte de pedaços acesos e
Incandescentes, indecentes
Derretendo o asfalto e nascendo flores
No exato mesmo lugar, vai entender

A vida é uma confusão só
E quem não gosta, tá ferrado

Não tem graça se não for
Tudo junto ao mesmo tempo
Atrapalhando o trajeto de tudo e todos

Tem que se viver as cagadas intensamente 
Um cigarro mais um copo e o fluxo do doido 




                                                                                                                        Zé Daniel
Alavancado de Imagine Só

"Olé!"


Hoje não existem putas
Não existem rostos, corpos
Que me façam sorrir
Que me tragam qualquer gozo
Pela vida

Hoje não há nada
Como o pôr-do-sol,
Nem mesmo a vista
De duas luas, dois amores 
(dois luares)
Que me deixe deslumbrado
Com a vida

Hoje não tem gol de placa
Bicicleta cobertura
Chapéu meia-lua
Elástico carretilha
Que me arranque um “olé!”
Da vida

Hoje não existe nada
Não acontece nada
Não se sente nada
Não se fala nada
Muito menos se vive alguma coisa

Hoje justo hoje,
Justo ele, e não amanhã.
Hoje, meu pai morreu


                                                                                                                          Zé Daniel
Alavancado de Sem Título

ombro na parede olhando o fim da rua

Se lá for
quem me dirá 
que assim se é
eu ouvirei?

Quem me dirá 
que a sina
é sim senhora
que ela apressa
o cerco das horas
que adianta 
tanta
hesitação.

Quem me dirá 
se lá for
que ela está lá
e que a espera
finda será
irei ficar
à espreita
bela estada
era e brinda
a ida comigo?

O que dirá?
se sem sal
só a mesa posta
não está ali
onde devia estar?

Por que a última
taça demora
aviso que ontem
não ia era
teu depressa
quero me
despedir.

E não será 
tanto se quem 
a quem não disse
fosse então
agora é tempo
atrás quando
vã vontade
te despir.

Soçobrará
aquele a quem
quis instante
peça à triz
temor de um pouco 
para ti
a mim
o tempo voltará.
Voltará? 

C. P. F. - Caio Poeta Fariseu

Alavancado de Sem título.



Imagine só



temos falado demais

é preciso agora, meu amor
o silêncio.

os planetas alinhados
                  alinhavarão
                  teu medo.

temos falado demais

é preciso esquecer, meu amor
teu estado físico.

os planetas nunca
                  pensarão
                  sobre isso.

imagine só,
                                            nós                   
         corpos celestes

                     em

        plena
                       colisão.

Filipe Abreu