11 dezembro 2012

"There is" ou Sobre como eu descobri que o único lugar real é aquele do qual chegamos após seguir uma direção inventada (que deve ser tomada no máximo após até três dias depois de aberta).


_De todos os atropelamentos,
que me salvei sem perceber,
me arrependo de ter sobrevivido ao acidente na esquina entre as ruas mortas;
Onde o mundo acaba.
As dobras das ruas sempre nos forçam à desaceleração...
e, se tratando das ruas mortas - onde as tragédias são apenas os erros despropositais - o retardo é tão massivo como se a imobilidade morasse na calçada, como um mendigo que te atraísse gravitacionalmente.
_As esquinas não têm sentido...
Eu me safei, quando comecei a usar as paredes de chão. E da esquina fui ao grande abismo:

"Usei as pessoas como degraus, o céu como paisagem e o mundo como uma grande muralha,
que protege o fogo do poder dos humanos". De todos os atropelamentos, 
que me salvei sem perceber, me arrependo de ter sobrevivido
ao acidente na esquina 
entre as ruas
mortas.

Porque agora só há o ar como um imenso mar respiratório, e eu não sei o que será de mim caso as ruas me queiram de volta, e me busquem como grandes tentáculos de asfalto e vapor, ou névoa, à meia noite. Porque eu nunca soube correr ou fugir. Não sei o que será de mim caso tudo dê certo, e eu chegue ao primeiro grande prédio esférico e se lá houver vida. Nós não achamos isso nem aqui. Não sei o que será.

Às vezes eu olho o mar de longe, lembro de querer voltar a viajar apenas pelas paredes da minha casa, e deitar na relva de algum quadro com o teu rosto no canto. Mas... [...]
_Os piores atropelamentos te arremessam para o alto, e você não cai de volta.

O Coala Mascarado. 

Alavancado de Rua Direita, 188.

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