11 dezembro 2012

A sua

Segura o peso impresso
no ar baço que respira.
Quem fisga o osso sacro
senão a praça-esquina?


Perder, não pode perder
a força da rua.
Força viral 
via aérea
calada penetra
em tudo que acua.


E quando de repente
te pega levante
a força da rua?
Em parte 
um vil simulacro 
de um ego que atua.

Ver-se com todo viver
e todo fingir
que brota da rua.
Sorver, soprar
e cuspir,
charlatanear
uma suposta cura.


Unir, na ponta da solda
o vão que te molda
este rosto-fratura.
Ceder, um suspeito prazer
Ao entardecer
e à chegada da lua.

Te embala
com cores e vida
e valas comuns
essa força
que é tua.

Prever,
o passo seguinte 
do pé que no asfalto
desliza e flutua.
Perder
num gesto ausente
a vaga certeza
que a rua te acusa.
Fazer, rito-contradição
se sou eu é céu
se é chão
é rua.


- São cheiros de infâmia,
e vincos, e brechas de blusas!


Perder, ceder, prever
quem vai se atrever,
quem pode dizer,
o que é a força da rua?
Se toda palavra
é puta,
e vista de frente
toda frase 
é nua.

- A rua entra pelo nariz,
a rua rente-lambuza...

Prender, não há que prender
em pálido cárcere,
o que é você e
a rua.

C. P. F. - Caio Poeta Fariseu

Alavancado de Rua Direita, 188.

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