02 dezembro 2012

Totem


No meio da praça um totem de certezas.
Alto, sábio, lúgubre.
Uma verdade insepulta
fincada como um pau de sebo
no meio da praça.

Brilha e reflete o entorno,
mas com brilho opaco.

Transeuntes que passem
lhe acorrem num assombro incrédulo.
Dele sugam nuns beijos ardentes
ensinamentos grandiloquentes,
aparentes sublimes certezas salivares.
E cospem,
que acusa o paladar pau podre. 


Totem de convicção,
ereto e imponente,
se o ignoram os circundantes,
roga veras pragas baixinho,
ciente de seu valor. 

"Ignorantes inferiores,
não me sabem, sou acima, sei das leis.
Apreendo o que procuram.
Sou a compreensão calada
e não me abro pra vocês!"

Ó, tolo totem taciturno,
uma certeza lhe convém:
caminhar não é seguro.
Só que, tão teso e certo totem,
sempre inerte sofre e morres,
que a certeza é para os burros! 

C. P. F. - Caio Poeta Fariseu

Alavancado de Grandiloquência.


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