24 dezembro 2012

Uma pausa

Acendi o cigarro. Estava andando e parei. Embaixo da árvore o sol não me alcançava. Puxei a fumaça. Puxei de novo, pulmão querendo. Sentei no chão e encostei. O tronco da árvore massageava as costas surradas do cotidiano. O suor escorria. Respirei fundo uma, duas e três vezes depois de uma puxada. As pernas latejando de erguer um corpo que ergue coisas. Eu levanto. Eu fabrico. Eu proporciono lugares para você viver. Soltei a fumaça que subia em direção ao céu, em direção ao arranha-céu. A mão calejada, minha enxada marcando meu corpo, tatuagem do trabalho. Um copo d'água gelado que vai transbordar em suor quente. Suor que dá liga na argamassa. Suor do piso da sua sala de estar. Ainda uma última tragada. Bituca no solo. Cigarro apagado. Sol aceso. Corpo erguido. Corpo que volta a erguer.

LP

Alavancado de O crescimento

2 comentários:

  1. Quintana disse que fumar é uma maneira disfarçada de suspirar. o seu texto me fez lembrar desta frase.

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