14 dezembro 2012

Dentes sensíveis

Durante um chiclete
                                    Seguido de um cigarro,
Sentiu-a do lado                                                    direito.


A visita vinha de
.
.
.
Baixo.

Vinha de          .            .           .     dentro.


Vinha pontual, um tiro, uma flecha, um Ai! Juntinho da mascada açucarada!

Precisou de dois Espelhos pra ver rev arp sohlepsE siob eb uosicerP

(Mas não deu muito certo)

-E-r-a- -c-o-m-o- -s-e- -u-m- -f-i-o- -l-i-g-a-s-s-e-o--P-o-n-t-o---p-r-e-t-o---p-o-n-t-u-a-l-

à alguma parte, esôfago, calcanhar, escapula, do seu corpo.

A dor vinha de dentro.

Não se sentia como parecem se sentir as protagonistas do comercial de creme dental. A dor vinha de dentro. Estava podre desde antes de qualquer lugar que pudesse localizar dentro da sua cabeça, mas mesmo assim queria poder ver o mal da raiz, ou a raiz do mal, sabia que havia algo além do ponto preto pontual no branco-amarelo recém-escovado e perfumado de menta ou hortelã ou Argenta ou Glicerina ou Sódica Sacarina ou (vide embalagem da pasta de dente). Por de trás da dor de dente, por de trás do pontual ponto preto, ela já tinha visto, outra vez, no espelho com lente de aumento do dentista, fedia, e estava tudo preto, dominado e impregnado, em toda coroa até as gengivas e, além de tudo, doía (devidamente como costuma doer dor de dente). Tentou por um tempo mascar o chiclete só do lado esquerdo, mas pensava no que poderia se esconder atrás do ponto preto pontual, atrás da dor de dente antecedente ao dente, à gengiva, ou a qualquer lugar dentro da sua cabeça que não pudesse localizar, então mordia rapidamente o chiclete com o lado direito e experimentava novamente a agonia profunda que vinha somente de dentro, talvez do estômago, da laringe, do peito... A dor vinha como um raio que rasga o céu, de dentro, um raio de dentro do seu céu, do céu da sua boca, de dentro, de dentro.


Tico-Tico

Alavancado de Carros são insensíveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário