31 julho 2012

Síria: Washington precisa recuar


31 de julho de 2012
Cerca de mil insurgentes estão tentando manter sua posição na maior cidade da Síria, Aleppo. O exército sírio é certamente capaz de derrotá-los com um ataque total, mas isto poderia ter um custo muito alto em vidas e poderia levar a destruição destes bairros. Até agora, o exército sírio não tentou atacar os insurgentes nos subúrbios, mas tem utilizado apenas equipamentos de sondagem para encontrar a sua posição exata. A situação pode estar se encaminhando para uma espécie de cerco, que novamente pode ser parte de um plano para empurrar mais insurgentes para a luta antes de fixá-los em um lugar e terminar com eles.
Pode também ser um sinal de que o exército está enfraquecendo. Mas ainda não vi qualquer outro sintoma de que seja esse o caso. Claro que o exército comete e tem cometido erros. Há pouco tempo saiu um vídeo que mostra um pelotão de tanques que tentavam investir contra um reduto rebelde em terreno urbano sem o apoio de infantaria. Como qualquer estrategista competente teria previsto, eles foram abatidos por disparos de RPG(bazucas anti-tanque) das ruas laterais. Mas o exército sírio ainda tem muitos recursos. Não houve ataque da força aérea ainda e helicópteros foram usados ​​apenas esparsamente. Há, certamente, mais tropas e reservistas disponíveis, dispostos a entrar na luta ao lado do governo.
Mas a minha impressão é de que, no geral, a situação na Síria ainda está se deteriorando. A insurgência na Síria é formada por jovens desempregados, alguns desertores do exército e bandidos e quadrilhas criminosas. Mas cada vez mais jihadistas estrangeiros chegam todos os dias, com experientes combatentes da al-Qaeda na liderança. Os insurgentes estão se comportando de forma cada vez mais sectária e brutal. Hoje, alguns insurgentes invadiram duas delegacias com policiais levemente armados, mataram todos os 40 policiais (gráfico, vídeo) e saquearam os edifícios. Cristãos e outras minorias estão começandoa armar-se para se defender. Se esta espiral descendente continuar, com mais jihadistas entrando na Síria, a situação tende a sair do controle.
A administração Obama está apenas agora começando a compreender que a continuidade desta política de confrontação que arma rebeldes e jihadistas, levará à destruição total do Estado sírio com péssimos efeitos secundários por todo entorno. Ontem foi enviado o secretário de defesa Leon Panetta para alertar a oposição de que devem manter o Estado Sírio e suas instituições intactas.
Mas os insurgentes não vão dar ouvidos a isso e continuarão o seu caminho de destruição. Eles acabam de revelar um plano para criar uma ditadura militar na Síria, com sua liderança local exercendo o papel do ditador. Os wahabbistas dos estados do Golfo, aliados dos EUA, também não vão concordar com a mendicância de Panetta. Eles querem um Estado islâmico dominado pelos sunitas na Síria que irá colocar cristãos e alauítas no papel de cidadãos de segunda classe (se não os matarem) e excluí-los de quaisquer cargos relevantes. Eles vão continuar a enviar a sua indesejada juventude revolucionária e sacos de dinheiro para os setores mais radicais da insurgência.
Esquemas como a formação de uma junta em torno do soldado playboy Manaf Tlass são sonhos estúpidos. Assim como o insignificante Conselho Nacional Sírio (CNS) é muito improvável que sejam aceitos pelo povo sírio.
Há apenas uma maneira para cessar a carnificina e manter a Síria intacta: deixar Assad ganhar terreno o bastante para que um acordo político seja possível. Para que isso aconteça, todo o apoio externo para a insurgência tem que parar e novas negociações devem ser iniciadas, incluindo a Rússia e o Irã. Não há garantias de que tais negociações levarão a um resultado que seja aceitável para todos. Mas, como está se tornando cada vez mais claro, as outras alternativas são piores.
Washington não está pronta para recuar. Pode precisar de outros seis meses, um novo secretário de Estado e que consequências mais graves da destruição do Estado sírio venham a tona, antes que uma outra política possa ser adotada.

tradução: C.P.F - Caio Poeta Fariseu

19 julho 2012

Começou a batalha de Damasco


De Damasco
Por  Thierry Meissan
19 de julho de 2012

Os poderes ocidentais e do Golfo lançaram a mais importante operação de guerra secreta desde os “Contras”, na Nicarágua. A batalha de Damasco não visa derrubar o presidente Bashar Al-Assad, mas fraturar o Exército Sírio para assegurar o domínio de Israel e Estados Unidos sobre o Oriente Próximo. Enquanto a cidade se prepara para um novo assalto dos mercenários estrangeiros Thierry Meissan realiza um balanço da situação.


Fazem cinco dias que Washington e Paris lançaram a operação “Erupção em Damasco, terremoto na Síria”. Não é uma nova campanha de bombardeio aéreo, mas uma operação militar secreta, similar à usada no tempo de Reagan na América Central.
De 40 a 60 000 “Contras”, na sua maioria líbios, entraram em poucos dias no país, quase sempre pela fronteira jordaniana. A maioria destes está ligada ao “Exército Síria Livre”(Free Syrian Army), estrutura de fachada para as operações secretas da OTAN, atualmente sob comando turco. Alguns são filiados a grupos de fanáticos, inclusive a Al-Qaeda, estão sob o comando do Qatar ou de uma facção da família real saudita, os Sudeiris.
De passagem, tomaram alguns postos de fronteira, e então se mudaram para a capital, onde semeiam a confusão, atacando alvos aleatórios que eles encontram: grupos de policiais ou militares isolados.
Quarta de manhã, uma explosão destruiu a sede da Segurança Nacional, onde se reuniam alguns membros do Conselho de Segurança Nacional. O ataque tirou a vida do general Daoud Rajha (Ministro da Defesa), do general Assef Shawkat (Vice-Ministro) e do general Hassan Turkmani (assistente do vice-presidente da República). Os termos da operação permanecem incertos: pode ter sido tanto um ataque suicida quanto o disparo de um drone(avião não-tripulado) furtivo.
Washington esperava que a decapitação parcial do aparelho militar levaria alguns oficiais superiores a desertar com suas unidades, ou até mesmo a se voltar contra o governo civil. Isso não aconteceu. O presidente Bashar al-Assad imediatamente assinou os decretos designando seus sucessores e a continuidade do Estado foi assegurada.
Em Paris, Berlim e Washington, os patrocinadores da operação se sentem livres para jogar o jogo indigno que consiste em condenar a ação terrorista, reafirmando o seu apoio político, logístico e militar aos terroristas. Sem pudor algum, eles concluíram que a responsabilidade por esses assassinatos não cabe aos culpados, mas às vítimas, na medida em que haviam se recusado a renunciar sob pressão e entregar sua terra natal aos apetites ocidentais.
Caracas e Teerã enviaram suas condolências a Síria, sublinhando que o ataque foi encomendado e financiado pelas potências ocidentais e do Golfo. Moscou, igualmente, expressou suas condolências e disse que as sanções levadas ao Conselho de Segurança contra a Síria equivalem a um apoio político aos terroristas que realizaram o ataque.
Os canais de TV estatais sírios passaram a transmitir clipes militares e canções patrióticas. Interrompendo a programação, o ministro da Informação, al-Omran Zou'bi apelou à mobilização de todos: o tempo já não é mais de disputas políticas entre governo e oposição, é a nação que está sendo atacada. Lembrando o artigo do Komsomolskaya Pravda em que descrevi a operação midiática de desmoralização preparada pelos canais ocidentais e do Golfo, ele advertia seus compatriotas sobre o desastre iminente. Aproveitou para negar os boatos tóxicos dos canais de TV do Golfo segundo os quais um motim eclodira na quarta divisão e explosões haviam devastado seu quartel principal.
Os canais estatais levaram ao ar várias vezes anúncios que mostravam como capturar seu sinal pelo satélite Atlantic Bird, em caso de interrupção dos satélites Arabsat e Nilesat.
No Líbano, Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, lembrou a fraternidade de armas que une o Hezbollah à Síria contra o expansionismo sionista, e garantiu ao Exército Sírio seu apoio.
O ataque foi um sinal para o início da segunda parte da operação. Os comandos infiltrados na capital passaram então a atacar vários alvos, mais ou menos premeditados. Assim, um grupo de cem “Contras” atacou a casa adjacente ao meu apartamento aos gritos de “Allah Akbar!”(Deus é maior). Um militar de alta patente reside lá. Foram dez horas de combate ininterrupto.
No início da noite, o Exército respondeu com medidas. Mais tarde a ordem foi para usar a força sem restrições. Já não era o caso de lutar contra os terroristas que tentavam desestabilizar a Síria, mas enfrentar uma invasão estrangeira que não diz seu nome, e salvar o país em perigo.
A aviação síria entrou em ação para destruir as colunas de mercenários que se dirigiam à capital.
No final da manhã, a calma retornou gradualmente a cidade. Os “Contras” e seus colaboradores em todos os lugares foram forçados a se retirar. O tráfego foi restaurado nas principais estradas e postos de controle foram instalados no centro da cidade. A vida recomeçou. No entanto, ainda ouvimos tiros dispersos aqui e ali. A maioria das empresas estão fechadas, e há longas filas em frente às padarias.
Todos esperam que o assalto final seja lançado na noite de quinta para sexta, e por toda sexta-feira. Há pouca dúvida de que o exército sírio vai sair vitorioso novamente, a correlação de forças é favorável, o exército é apoiado pela população, inclusive pela oposição política interna.
Como era esperado, os satélites Arabsat e Nilesat desligaram o sinal de televisão Ad-Dounia no meio da tarde. A conta de Twitter do Ad-Dounia foi pirateada pela CIA para a divulgação de falsas mensagens que anunciam uma retirada do Exército sírio.
Os canais de TV do Golfo anunciaram o colapso da moeda do país como um prelúdio para a queda do Estado. O governador do Banco Central, Adib Mayaleh, falou em rede nacional de televisão para negar a desinformação e confirmar a taxa de câmbio de 68,30 libras sírias por dólar dos EUA.
Reforços foram mobilizados em torno da praça dos Omíadas para proteger os estúdios da televisão estatal que são considerados um alvo prioritário para todos os inimigos da liberdade. Estúdios de substituição foram instalados no hotel Rose de Damas, onde estão hospedados os observadores das Nações Unidas. A presença destes, que deixaram que se perpetra-se o ataque na capital sem que se interrompe-se a sua ociosidade, é a proteção de facto para os jornalistas sírios que tentam informar os seus compatriotas sobre o perigo que ameaça suas vidas.
No Conselho de Segurança, Rússia e China vetaram pela terceira vez um projeto de resolução dos países do Ocidente e do Golfo para tornar possível uma intervenção militar internacional. Seus representantes têm denunciado incansavelmente a propaganda destinada a transformar o ataque estrangeiro contra a Síria como uma revolta reprimida com derramamento de sangue.

A Batalha de Damasco deve retomar hoje à noite.

06 julho 2012

Ma que coisa?!


Meio a tanta atrocidade da famigerada mal falada massa cinzenta nada nada cerebral, aquela que cresce por ela mesma engolindo qualquer grunhido estranho fora do ninho, esculaxando sobretudo até pensamentos vãs da vida boa dos cantos mais remotos imigrativos fugitivos de lugar algum, ainda tentam tentam tanta coisa, mas tanta coisa, e de que que é que adianta?, imperando no fim só e somente o pó. Afinal, somos todos pó de estrelas (parecia ser uma irrisória partícula escapulida do sol – que tamanha estrela – flutuante ou boiando no éter sem luz alguma, quando em determinado lugar e momento de sua viagem sente uma forte atração por um algo um tanto curioso, e pula pra dentro de tua órbita; se mistura com todos, temperando essa sopa gigante repleta de compostos químicos, trocando tuas excências e gerando outras mais, assim vindo em algas azuis, cianofíceas, borrifando oxigênio pra tudo –  todos e qualquer canto) 


R.G.