27 julho 2011

Parfum de Bode

Admoestar, admoestei. Juízo. Se valesse...Certo é que nessa idade precoce vai de um lado a outro, passa vazado. A visão do certo é turva, o laço da retidão desparelha. No córrego sujo...

Aconchegada. A fome, maior inimiga, sob rédea curta dominada. No escuro aquele rubro conforto.   Seu corpo comprido distenso quase a sonhar. O acalanto de tépidos humores.

É que não tava sozinho. Pra coisa errada o passeio é de matilha.Vizinho que só serve pra xícara de açúcar. Agora tá lá. Pergunta se o filho da Neide...Só ele que processa devagar, que não tem juízo...

Como combater o sono quando embalar é a conduta do mundo, quando comer é concluso e o calor quieto, de uma quietude entorpecente?

Vê se pode, naquele córrego sujo! Tinha que ter alguém olhando, havia quem cuidasse, mas também, quem vai imaginar, moleque crescido! Que ele sabe, sabe, só se faz de besta.

Nem por um solavanco cede ao sobressalto. Pra quê? Morno é comportamento, estado de espírito. Sua missão é viver, reproduzir, fazer o melhor, ser grande.

E depois vão me dizer que é da família: Porca a mãe... O problema é que não dá pra gravar nele que nem computador. A gente fala, mas o que pode o zêlo contra a tolice?

Há um descompasso. Aquela ninharia de cautela, sumida, jogada num canto, vem esbaforida só pra dizer: estamos descendo.

Pôr na boca, assim como se passasse fome, como se fosse bicho...Comendo terra... Chegou pra mim todo feliz, os beiços ainda pretos, parecendo cachorro que enterrou sobrecoxa.

O mundo balança e comprime, demais. As curvas não assustam quem se curva pra andar. Sítios estranhos, velocidade comedida mas sem reticência, fluente. Ela se esparrama e vai.

Agora tá lá, arrependido, curtindo as fibras de seu vacilo. É bobo, aposto que o vizinho o sacaneou.  Assim aprende.

Sem abrir os olhos ela pressente a luz. Um ponto, ofuscante.

Mas vai sarar, dei remédio, não destrato porque amo. Aquele ventre saiu do meu.

Uma brisa úmida, a brancura insossa do abismo de louça.

Moleque tapado.

Desencarnar, reencarnar. Um acesso de partido ambíguo. Quase cuspida a lombriga cai.

O pior é o cheiro. Queimei incenso. Ficou aquele Parfum de Bode.

C. P. F. - Caio Poeta Fariseu



Alavancado de Decomposição:

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