07 julho 2011

Gestando 5


ENGENHOCA DO RUBE: O MAQUINÁRIO, A LUPA E AS GALÁXIAS


Meio inter voz e letra, entre maneiras parelhas, escâmbio transporte de rentes princípios. Engenhoca feita de gente e braços tecidos, mas mais! Cruzados, perdidos, dentro já doutra alçada: nem vi, não sei, não ligo. Gerência ativa do mole do miolo sub-aproveitado - justo ele, o caldinho! Damos norte pr'esse tempero molhado. Artista astutando tutano, envolvemos você - já evolvemos você, visite-se. E propomos e testamos, desfilando as descobertas pernas do urbano e do orgânico, do percurso casa-trabalho, sucesso-martírio, do metrô lotado traçamos atalho prum campo de lírios e de volta pro asfalto, só uma espiada por cima das nuvens. Somos caminho, somos nosso caminho, uma viela estreita candidata a duplicação, sorta a verba Kassab! Pavimento, pá-virada, somos transtorno sem pedido de desculpas, se obstruímos as calçadas é pra que o povo vá pra rua.

Caminho incerto, ramos em bifurcações marrons, verde musgo, cinza cimento. Rodas gritando vermelho ferrugem, engrenagens com parafusos a menos, esquisofonia ensurdecedora de cenários contraditórios pelos tortuosos rumos do desconhecido. Pois bem (ou mal), a úvula treme (os “tempos modernos” estão aí, nas máquinas de Rube Goldberg cada peça é um cuspe). No fim tudo se explode, o bagulho é louco, o processo é lento.

No inicio, era só a pontada no fundo do bucho, querendo a vontade de berro.
E o berro? É o ar, que das ventas fuligem soltou-se peso da gangorra ao plugue do ventilador.
Ventam-se as velas ao mar concretado, desrumo, desleixo, desdém cidadão; maré claustrofóbica, no entretanto, tudo. 
O berro bem na cara. Que cai, sobe, aciona. Desnecessário.
A questão é fazer questão de toda nossa desnecessidade. Engenhoca de mover engenho, ensacar a fumaça, com berros de artifício em pleno ar.
Uma peça por vez. Acionada.
Uma por vez. Até que o dominó inteiro se acabe ao chão.
           
O mais certo é que se chegamos não foi pela mesma via, mas não chegamos, relaxe, estamos indo. Desembocando cada um de nicho distinto vimos passar uma beldade empinada e farejando a seguimos, perceber seus recatos, encantos. Até hoje não a alcançamos, mas um boato fortuito nos disse seu nome: Palavra. É uma mentirosa, sem valor. Sabemos. Mas amor é assim imperfeito.
Ela não abriu a boca, não se virou, só seguiu, com um, dois, três mil atrás. Em algum momento me virei e não vi fim na multidão, outro boato então me disse que palavra já é mãe, que pariu a humanidade... Sei não, quem sabe?
De concreto só o balanço de seus quadris...

Parafernalha que procura procurando. Pensar em mar de ondinha penteando cabelo azul? Canudos na boca de dez milhões faz sertões, espremedor de culhões - regurgitação do precipitado sal do estômago miséria do emaranhado complexo de janelas banguelas. Depois de fumaçal ensacado, estoura. Admira a pitada de fagulhas luz caindo sobre tapete alcatrão, tempero da noite, sombras estrangeiras admiradoras das costas adeus, rostos míopes, desfoques, bafo quente embassador de íris fundas. Incerteza desnexa em fluxo desfluxo. Logo que lua ensaca andantes da rua, mistura bem pra massa homogênea e estoura. Concreto ferro miscigenado forma forno aquecedor de corpos gelo perdidos, derrete o cérebro que escorre pra goela e vomita, vomita o todo tudo junto, esporra pra cima, pra contar pro Newton e sujar cabeça como pombo, pequeno big-bang constante espiralar cambaleante. Tira o lenço do bolso, esfrega testa, ensaca e estoura.

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