07 fevereiro 2013

Meu urso


No pêlo do meu urso
tem a baba que escorri
durmo de boca aberta.

Em sua orelha contei
certo dia
segredos de minha mãe.
E sua indiferença me
deixou feliz
que o botão no rosto
de pelúcia escuta
e seus olhos vidrados
piscam pra mim.

No pêlo do meu urso
tem corrimento e xixi
que brinquei de noite
a pele espuma
quando não pensei
não vi.

No verso do meu urso
prego as mentiras
bobas que digo sem querer
e o falso testemunho
que bordo em carícias
a meu urso fazem dormir.

No sono do meu urso
ficam os sonhos dos quais
desisti.
Sua boca me repete
noite perfume
me lembro acanhada
da fábula que omiti.

Que o urso em seu silêncio
prorroga a infância
e me rega o jardim.
Seu peito nublado de pêlos
o meu companheiro
de adorno cetim.

C.P. F. - Caio Poeta Fariseu
Alavancado de Prece só II

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