09 janeiro 2013

Humanos...



Ter opções para o que fazer
Com a minha vida
Não coloca nada em perspectiva;
Só torna pior,
A cada segundo de indecisão,
A certeza de que,
Eventualmente,
Eu vou morrer.

E o que será que eu
Deixarei para o mundo?

Deveria largar por aqui alguma coisa
Qualquer que seja
Que certifique a todos que eu dei as caras,
Sim, estive aqui de verdade?
E daí? Quem liga pra isso?

Quem sentiria falta de mim?
De algo que eu tenha realizado, ou mesmo
Deixado de realizar?
Saudades de quê, quem?
Por que, pra que, pra quem?
De ou por algo maior que eu?
Menor?

Pra quem eu vivi?
Se não me houvesse mais nenhum
Resquício de ar perfumado nos pulmões,
A quem seria dedicado
Meu último suspiro, o derradeiro?

As lágrimas,
O sangue,
O pus e as fezes,
A cerveja,
O cigarro,
Foi tudo pra quem?

Se alguém me perguntasse essas coisas,
Só poderia responder com um pesar alegre
Que a mistura de reações e relações
Passadas presenteadas e porvindas
Me causaram, em todos os momentos,
As sensações mais confusas e festivas,
Forçadas e mais que espontâneas,
Impassíveis de serem listadas
Em um rol de sentimentos
Que afligem os seres humanos.
Humanos...

Tento evitar a minha discórdia
Com a espécie mais idiota do planeta
Para chegar a uma (in)conclusão:
As opções que tenho, não as possuo
De fato.

Os caminhos que empurraram meus pés
Até aqui,
Até este instante de brilho tímido e efêmero,
Me mostram que as opções
Com as quais me deparo,
Não tenho que escolher entre elas –
Até porque, como já disse, não as possuo.

A primeira opção que fiz,
A natureza que inventei para mim mesmo,
Não permite que eu decida
Entre uma ou outra;
Todas elas, por enormes que pareçam,
Me constituem em qualquer das minhas
Descontruções

É a elas que recorro,
Antes de tudo.

Logo não me resta “escolha”,
A não ser deixar que elas assumam
Seu rumo; o que sobra para mim
É evitar que a insegurança e a preguiça
Envolvam seus braços sobre meu corpo
E minha mente
Obscurecendo as minhas emoções,
Fazendo delas inutilmente impossíveis
De serem sentidas

                                                                                                                               Zé Daniel
Alavancado de Viajante.

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