11 junho 2014

Liberdade

Quando ele manda limpar a varanda debaixo de sol
Cheio de zanga, a testa franzida, o jeito de mau
Ai que delírio que dá, vou eu lá limpar, sem dizer um pio
Que ele não se aborreça, que fique na mesa, olhando o vazio

Quando ele manda, coçando sua pança, fazer a quentinha
Lavar bem lavada a salada, bater o bife e cuidar da pia
Algo me invade que quase transborda num gostoso grito
Não contenho o sorriso e com um olho só pisco, pro dono do umbigo

Pra cada ordem costuro
Um vestido bordado de chita
Tranço os seus cabelos, amputo os joelhos
Deixo ela bonita

Com sabão e esterco
Deixo a varanda limpinha
Sirvo a quentinha fervente bem cedo
Ponho areia na farinha

Ao meu patrão eterno
Obediência sem fim
Deixo a ele o inferno da escolha

A certeza eu guardo pra mim.

C. P. F. - Caio Poeta Fariseu

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