11 junho 2014

A disciplina do fogo

Onde cada letra brota do descomedido
o final é se acabar em cinzas
há tortura nos sorrisos serenos
válvulas de chamas hidráulicas
me chamem de algoz do dia seguinte
herói assassino deste instante estendido
debaixo dos pés
entre a gente e a vida carícias de pontapés,
“a gente”, a combustão do que sobressai da míngua
o instinto ferino da miséria
aquele quando em que só há o olhar intangível que queima,
a presença da morte em cada ato,
uma morte plana, fossa cova rasa.

Sob a disciplina do fogo,
o mártir que não morre por ninguém,
queima sem cessar,
visa à perenidade impossível da carne,
sempre um naco se inflama após outro,
e as tripas de chama azulada vão durar até o fim.

Doutrina que não compete,
a disciplina do fogo se impõe por condição.
Onde não se pode mais, ainda se arde
onde não há mais, ainda se arde
aquilo que queima move

em queda, ilumina o fundo do abismo.
C. P. F. - Caio Poeta Fariseu
Alavancado de Existe inocência!

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