Acendi o cigarro. Estava andando e
parei. Embaixo da árvore o sol não me alcançava. Puxei a fumaça.
Puxei de novo, pulmão querendo. Sentei no chão e encostei. O tronco
da árvore massageava as costas surradas do cotidiano. O suor
escorria. Respirei fundo uma, duas e três vezes depois de uma
puxada. As pernas latejando de erguer um corpo que ergue coisas. Eu
levanto. Eu fabrico. Eu proporciono lugares para você viver. Soltei
a fumaça que subia em direção ao céu, em direção ao
arranha-céu. A mão calejada, minha enxada marcando meu corpo,
tatuagem do trabalho. Um copo d'água gelado que vai transbordar em
suor quente. Suor que dá liga na argamassa. Suor do piso da sua sala
de estar. Ainda uma última tragada. Bituca no solo. Cigarro apagado.
Sol aceso. Corpo erguido. Corpo que volta a erguer.
LP
Alavancado de O crescimento
Este texto ficou lindo...parabéns LP.
ResponderExcluirQuintana disse que fumar é uma maneira disfarçada de suspirar. o seu texto me fez lembrar desta frase.
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