Ela me pergunta se eu vejo o
arco-íris,
Se eu gosto de mirar o horizonte ad
eternum até ter uma epifania
Qualquer sobre o sentido da vida,
Pra depois esquecer e
Então começar de novo
Já respondi mil vezes que só olho
para o horizonte
Quando estou cansado de olhar pro
chão,
E essa fadiga geralmente não me
alcança
Porque eu gosto de saber por onde
eu estou indo;
E ela me repreende, dizendo
Que eu deveria olhar mais para os
lados,
“tirar os olhos do meu umbigo”!
Eu digo que não tem nada a ver;
Eu olho pro chão porque realmente
gosto
De ver por onde eu ando, onde repouso
meus pés enquanto caminho,
Pr’onde será que aquelas passadas
podem me levar
E como eu vou chegar no próximo
passo,
Na próxima esquina, na próxima
cidade,
Na próxima cama
Na próxima estrada que vai me
guiar pra outro lado
Que não este no qual eu me
encontro de momento
O céu pode ser um bom guia, com
certeza,
Com suas estrelas e luas e sóis e
planetas e nuvens
E ventos e raios e relâmpagos
E pássaros e aviões e chuvas
respingadas ou torrenciais
E sonhos e seus prazeres
extra-terrenos,
Fora do nosso alcance na imensidão
vazia e luminosa
Do universo distante e próximo,
Ao mesmo tempo
Mas é no chão que eu finco minhas
pegadas
E sigo ao longo das vias e
corta-caminhos
Que irrompem a cada movimento,
seja este movimento
Meu ou do próximo –
Porque se tem algo que eu vejo
além dos meus próprios pés,
Este algo são bem os outros pés
calçados
Que margeiam os meus...Zé Daniel
Alavancado de Moedas no sofá... um Raio-X
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