Via pelas lanças montes de entulho e seguia
e os apartamentos mofados à frente fediam na minha visão
_ Um raio-X
_ Tem certeza?
_ Sim, eu perdi a moeda no sofá...
...
...
Depois, me sentei no sofá, desencanei de seu olhar atravessado e tomei o último trago.
_ Mais 3/4 de aspirina.
_Mais três quartos na sua sala.
Eu precisava mesmo, foi com uma faca, rasguei o couro, as almofadas, arranquei as molas, o estrado, não seria um estrago se tivesse encontrado.
_Mais o último quarto?
_Rasguei todas as paredes.
Olhe que maravilha do horizonte!
Olhe o musgo da parede do próximo!
_No próximo desce motorista!
... E com um ar bem natural, ele não me ouviu.
Quantos passinhos cabem nesse espaço?
Entre eu e ele esse busto do Getúlio Vargas que só me deixa ver suas botas.
E me encontro nesta situação desconcertante e eu não sei quem eu respeito mais: o busto daquele homem morto e marmorizado ou você...
_ Abra a boca aí paspalhão! Diga o que você vale. Vai e se entrega logo, desentupa essa laje!
...
...
...
Raio X, Raio-X de mim.
E só o que vejo é uma carcaça pobre, um desejo de amor nunca, jamais correspondido.
Eu peguei o pote,
Corri o arco-íris inteiro,
Em azul, verde, vermelho
Mas eu não posso abrir.
Lançado até o horizonte.
De todo esse minho.
Fotografia óssea.
Na carne do moinho.
LP
2. Jogo de Mesa
adorei getúlio vargas no rolê!
ResponderExcluir