Quando ele manda limpar
a varanda debaixo de sol
Cheio de zanga, a testa
franzida, o jeito de mau
Ai que delírio que dá,
vou eu lá limpar, sem dizer um pio
Que ele não se
aborreça, que fique na mesa, olhando o vazio
Quando ele manda,
coçando sua pança, fazer a quentinha
Lavar bem lavada a
salada, bater o bife e cuidar da pia
Algo me invade que
quase transborda num gostoso grito
Não contenho o sorriso
e com um olho só pisco, pro dono do umbigo
Pra cada ordem costuro
Um vestido bordado de
chita
Tranço os seus
cabelos, amputo os joelhos
Deixo ela bonita
Com sabão e esterco
Deixo a varanda
limpinha
Sirvo a quentinha
fervente bem cedo
Ponho areia na farinha
Ao meu patrão eterno
Obediência sem fim
Deixo a ele o inferno
da escolha
A certeza eu guardo pra
mim.
C. P. F. - Caio Poeta Fariseu
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