Vai ser buraco no céu.
Buraco negro.
Pra onde todos vão.
Feito alma penada
ou dentro de avião,
vida enferrujada
é meta
com falta de vão.
"Vamos viver em vão
em Havana
onde avançam ondas vãs..."
(Chuva nível chão
sombra e igreja
chuva ralo
chuva telhado canto
chuva telhado azul
chuva planta
reflexo água prédio)
passeata.
Vão?
Porque eles não vão
eles não-vãos,
serelepes,
vão sem vão aonde querem.
Quando se vão os sem vão
se respira.
Se eriça a pele,
um surdo ouvido
fareja o abismo.
O nada escuro
é bruta tinta,
entre aquilo que há
um vão se pinta
com negro giz carvão,
que suja a mão.
O nada mancha o moleton.
O afã de quem veste vão,
inconfesso,
é dar forma ao negrume
traçar para si no plano "não-vão"
uma existência
sendo ainda matéria ausente.
Se assim for um dia
tudo que estiver não estará
todos viverão em frestas.
E o triunfo do vão imperativo
vai terminar por renascer
um sujeito e um objeto,
de buracos sedimentados,
decantados do nulo,
frutos de negação,
que farão o caminho
novamente
buscando desaparecer
em outra cor.
C.P.F.- Caio Poeta Fariseu
Alavancado de Em partes 2.
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