A garrafa está sobre a mesa
O maço, também.
A TV segue ligada;
A mente, também.
Outra garrafa, agora cheia
A mente se esvazia
Com a esperança do próximo gole.
O cinzeiro ainda abarrotado de cinzas
E de outras mentiras.
As sombras do apartamento
São sorrateiras, mas você é mais forte
E elas sabem disso.
Mais um gole e elas se escondem
Atrás do balde de lixo,
Aguardam pelo momento certo
Para dar o bote e te derrubar,
E o seu copo não esvazia
E a fumaceira se mantém densa
E perigosa,
As sombras se confundem com ela
Pensando que ela é uma amiga na empreitada –
Assim como o álcool, que só faz da dança
Algo não tão desagradável.
Porém você não cai e segue
Desbaratinando as pobrezinhas.
Elas pensam que a sua solidão,
O descontentamento em estar ali,
A falta de iniciativa,
Tudo aquilo seriam apenas
Pontos fracos, armas contra você
E você, somente. Sem mais.
E é aí que você pega elas e destrona
Todas as expectativas.
Os trabalhos continuam
E algumas delas pedem um cigarro pra você
E sentam por perto,
Enquanto que outras vão embora...
Zé Daniel
Alavancado de 50 anos
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