Noticiaram por todo o estado que o amor estava em falta. Que já não se plantava e nem se colhia. E que era melhor assim, posto que o amor era contraprodutivo. Alarmismo por todos os cantos. Um tom fúnebre em tantos relatos de falta de amor atestava seu falecimento, lançando pá após pá o esquecimento sobre a cova vazia do amor que se fora.
E como notaram sua ausência todos, numa saudade imensa daquilo a que nunca deram uso. E como chamaram de amor cada objeto pontiagudo e as paredes claras de seus refúgios, batizando amor ao que sempre foi abuso. E como foi tudo inútil. Posto que maquiar monstros e cantar gritos não substituísse o amor perdido, todos se perderam, para encontrar o caminho por onde o amor tinha ido. Cegos de luz e molhados de sede não escutaram o repórter melancólico que anunciava em primeira mão o desmentido:
- Não falta amor, não falta sentido, falta quem com eles se tenha vestido. Falta dar o amor que se têm, independente do tipo, e deixar entrar o amor que vêm, por este maldito canal obstruído.
C. P. F. - Caio Poeta Fariseu
Alavancado de Velhas novas coisas.
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