aqueles movidos a braço
a quem as tormentas engolem
e devolvem desmaiados,
a quem se deve louvar primeiro
caso avistem terra,
que não sabem se o mar
é mãe, ou guerra.
aqueles de velas desfraldadas,
que não dependem de si
nem comandam a direção,
atracar e seguir
é papo de ocasião.
(corpos estranhos neste mar
só aqueles em miragem,
ao incauto serve de alarme
um atol de Lixo hospitalar.
Hospitaleiro amor de mar)
os grandes encouraçados,
seguros lentos e chatos
quase esquecem da maré
(mas o mar não os esquece).
os de motores submersos,
desespero das sardinhas
polinizam baías
com o polén da pressa
e o suor de gasolina.
os iates brancos,
que não aportam
nos portos sujos
perdendo assim
dos cheiros a metade
(a melhor metade)
os navios negreiros,
que furtam mil almas
pra deixá-las perdidas
noutro canto.
as pranchas de surfe,
que brincam nas franjas
rasas do próprio bairro,
fracas demais
pra se deixar levar.
os navios piratas,
a quem tememos e cantamos,
que não se demoram
pra poder levar a todos a dor da falta.
os naufragados,
que namoram a terra
debaixo.
Toda terra é selvagem
depois da praia há mata
seus frutos e seus espinhos
a vontade de fugir
frente a primeira flecha aborígene.
Mas navegar é premissa
há que se dobrar cabos
e se perder de vista.
só sei do jogo com as ondas.
A melancolia é traço
da laia do alone.
Só te acompanha um, Crusoé!
um que tem samba no pé
e chama Sexta-feira.
C. P. F. - Caio Poeta Fariseu
Alavancado de menina,
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